Ministério Público e Polícia Federal podem ser acionados para investigar negócios milionários da gestão municipal
O Posto Laura, localizado em Nina Rodrigues, acumula contratos que ultrapassam R$ 13 milhões em apenas cinco anos de relação com a Prefeitura. Apesar dos números expressivos, o estabelecimento exibe uma movimentação quase nula de clientes, aparência de abandono e forte contraste com seus concorrentes locais — o que desperta ainda mais suspeitas.
Somente em 2025, primeiro ano da gestão do prefeito Jones Braga, o Posto Laura recebeu R$ 4,7 milhões em contratos, tornando-se o único fornecedor de combustível do governo municipal.
A LIGAÇÃO POLÍTICA
O atual responsável pela empresa é Rodrigo Moreira Rodrigues, o Rodriguinho, filho do ex-prefeito Rodrigues da Iara, que deixou o cargo em dezembro de 2024, passando o comando da prefeitura ao aliado Jones Braga.
Antes disso, até o fim de 2024, quem assinava os contratos era Tiago Robson de Carvalho Lima, apontado como suposto “testa de ferro” do ex-prefeito. Tiago chegou a ter mandado de prisão decretado na Operação Maat, deflagrada pelo Ministério Público e pela Polícia Civil do Maranhão, que investigava fraudes em contratos públicos. Ele é acusado de utilizar empresas fantasmas para desviar recursos e continua foragido.
Fornecimento de combustível… e até ar condicionado
Levantamento feito no Diário Oficial Eletrônico de Nina Rodrigues mostra que, em 2021, o Posto Laura iniciou sua relação contratual com a Prefeitura com um contrato de R$ 552 mil junto à Secretaria de Saúde. No entanto, já em 2022 os valores subiram consideravelmente: foram mais de R$ 2,5 milhões em contratos.
Entre eles, chamam atenção dois acordos inusitados:
R$ 1,08 milhão com a Secretaria de Saúde, para fornecimento de ar condicionados;
R$ 375 mil com a Secretaria de Assistência Social, também para fornecimento de ar condicionados.
Ou seja, um posto de combustível vendendo equipamentos eletrônicos à Prefeitura.
Coincidência ou não, na época a Secretaria de Saúde era chefiada por Jorge Fonseca Neto, primo do então prefeito, enquanto a Assistência Social estava sob comando de Bianca Torres, esposa de Rodrigues da Iara.
Escândalos na saúde e suspeitas de desvio
O secretário Jorge Neto permaneceu à frente da Saúde até 2024. Nesse período, a pasta esteve no centro de denúncias de desvio de recursos da Covid-19, investigadas pelo Ministério Público Federal, que apura a aplicação irregular de R$ 1,5 milhão apenas em Nina Rodrigues.
Outro nome ligado ao caso é Fagner Augusto Morais, amigo próximo e cunhado do ex-prefeito. Fagner acumulava cargos na Secretaria de Infraestrutura e, simultaneamente, atuava como gerente da empresa de Rodrigues da Iara. Foi ele quem assinou como fiscal dos contratos celebrados com o Posto Laura, responsável inclusive por controlar o abastecimento de combustíveis.
NECESSIDADE DE INVESTIGAÇÃO
O conjunto de indícios — contratos milionários com uma empresa de baixa movimentação, mudanças suspeitas de proprietários, fornecimento de itens estranhos ao ramo, parentes em cargos estratégicos e envolvidos já citados em operações policiais — levanta sérias dúvidas sobre a lisura dos negócios.
Especialistas apontam que o caso exige investigação urgente por parte do Ministério Público Estadual e Federal, TCE, CGU e Polícia Federal, a fim de verificar a capacidade operacional do Posto Laura e a legalidade dos contratos que, somados, ultrapassam R$ 13 milhões.