Concentração de poder no núcleo familiar
Em Nina Rodrigues (MA), a condução de duas das principais pastas da administração municipal tem gerado críticas e suspeitas de irregularidades. A primeira-dama, Patrícia Braga, oficialmente secretária de Saúde, também estaria exercendo, de forma paralela, o comando da Secretaria de Assistência Social, ainda que não exista portaria que formalize a acumulação de cargos.
Na prática, abaixo da palavra do prefeito, é a primeira-dama quem decide os rumos das duas secretarias, reforçando a percepção de que o governo municipal é conduzido por um núcleo restrito de poder, onde o peso da família prevalece sobre critérios técnicos e administrativos.
Ausência da secretária titular
A Secretaria de Assistência Social tem como titular Luciana Braga, conhecida como Luciana do Braguinha. Contudo, desde o início do ano, ela praticamente não tem exercido a função. Em junho, Luciana se afastou oficialmente por 28 dias, mas, mesmo após o fim da licença, não retornou de fato ao trabalho.
Relatos apontam que Luciana é vista com frequência em Itapecuru-Mirim, enquanto a rotina da secretaria segue sendo conduzida por Patrícia Braga. Essa ausência prolongada levanta questionamentos sobre a real titularidade da pasta e abre margem para a suspeita de que a nomeação teria sido apenas formal.
Secretaria “jogada às traças”
Enquanto a disputa política se mantém nos bastidores, a população sente os efeitos da falta de gestão. A Secretaria de Assistência Social, responsável por políticas essenciais de amparo às famílias em situação de vulnerabilidade, é descrita por moradores como “jogada às traças”.
Faltam programas consistentes, ações de impacto e atendimento de qualidade. O acúmulo de funções da primeira-dama compromete a atuação da pasta, que acaba sem foco e sem resultados expressivos para a comunidade.
Possível desvio de função
A situação já chegou ao conhecimento do Ministério Público. A Promotoria de Justiça da Comarca de Vargem Grande foi notificada sobre o caso e deve apurar o possível desvio de função da primeira-dama, que responde, de fato, por duas secretarias de grande porte sem a devida nomeação oficial.
O episódio pode configurar irregularidade administrativa e abrir caminho para responsabilizações legais.
Bastidores da política local
Informações de bastidores indicam ainda que Luciana Braga não desejava assumir a Secretaria de Assistência Social, mas teria sido pressionada a aceitar o cargo. Essa resistência pode explicar sua ausência constante e a entrega do comando à primeira-dama.
Com isso, Patrícia Braga amplia seu poder dentro da gestão, acumulando influência em áreas estratégicas como saúde e assistência social — setores que concentram grande volume de recursos públicos e são essenciais para o atendimento direto à população.
Repercussão e próximos passos
O caso reforça a imagem de um governo marcado por centralização de poder e denúncias de corrupção. A população acompanha com desconfiança a condução das secretarias e aguarda a atuação do Ministério Público diante das evidências apresentadas.
Enquanto isso, cresce o questionamento: até quando Nina Rodrigues permanecerá sob o comando de uma “super secretária” sem nomeação oficial?